Érika Lessa Esmiuçando O que mata é a preguiça

O que mata é a preguiça

Tenho lido uns textos simpáticos, crônicas sobre comportamento, descrições de perfil e até mesmo artigos sobre tradução e/ou tradutores. São tão bonitinhos, costuradinhos, coesos que solto suspiros apaixonados: “Poxa, queria escrever assim”. #invejosa São pensamentos aleatórios que vêm em um nanossegundo e somem, tão rápido quanto surgiram, pois sou tragada pela realidade ou pela Internet (bom, todos sabemos que é basicamente pela segunda 😀 ). Aí você abre o Timehop. Lá tem um texto super simpático, tal qual aqueles que tanto gosta de ler. Foi você quem postou, e já tem algum tempo. “Ué, é meu mesmo?”. É, sim. E o melhor: você ainda gosta dele. Pode encontrar uma ou outra vírgula fora do lugar, mas ainda lhe agrada.

E por que não escrevo mais vezes? Poderia elencar uma série de motivos, entre eles a falta de assunto ou aquela crise existencial de que o texto tem que ser relevante para os demais, de não ser mais do mesmo, essas coisas. Acabo ficando refém de insights e inspirações. O problema é que o tema pode surgir, sim, como uma inspiração em um momento de lazer (no meu caso, quase nunca) ou mesmo de trabalho (olá, Dona Procrastinação!), porém não podemos depender de uma senhora tão temperamental. A Dona Inspiração é exigente. Gosta de gente esforçada. Aí ela até considera uma maior frequência nas visitas.

Quando você se propõe a escrever (uma resenha, um artigo etc.), o objetivo é que o resultado seja relevante, como já disse. Fato é que, sem nem mesmo tentar, muitas vezes abandonamos várias ideias pelo caminho. No trabalho, no meio do filme, no trânsito. Elas surgem, nem sempre é possível anotar ou gravar as primeiras ideias. Ou até dá, mas a gente acha que vai lembrar depois. Ha! Surgiu ela: *PUF*

preguiçaDona Preguiça chega e toma conta de tudo. Um futuro texto se perde. E o ciclo se reinicia. É preciso interromper esse ciclo. Criar maneiras de reter  temas: anotar, gravar, esboçar. Esboçar. Taí a melhor maneira. Sente-se. Comece a escrever. Nem que seja para deixar aquele post ali, pendurado, maturando como bons uísques. Pode ser que seu barril de carvalho não lhe renda o prêmio de melhor da categoria, ou nem mesmo chegue a constar nas revistas especializadas, mas não necessariamente deixará de ser prazeroso. Programe-se. Escolha uma hora durante a semana para trabalhar um texto, aquele esboço feito no momento de pressa. Não quer dizer necessariamente a produção de um texto nesse curto período. Até pode acontecer, mas não se exija tanto. O foco é não deixar que Dona Preguiça fique à vontade. Ela é espaçosa, confortável, agradável até, mas uma assassina impiedosa de acontecimentos, realizações e textos, claro.

* Carapuça devidamente vestida.
** Este é um texto “maturado”. 😉

5 thoughts on “O que mata é a preguiça”

  1. Olha, eu tenho meus momentos de preguiça monstruosa, mas eu luto contra eles com todas as forças. Tá, ele vence a maioria, mas eu continuo lutando. E sempre tô com o caderninho, o celular, uma caneta, um guardanapo do lado para anotar um estalo. Réquiem, meu querido primeiro livrinho, surgiu assim. Dentro de uma estação de metrô, com anotações de celular. E boa parte do conto que o originou também, em momentos estranho em que eu precisei parar e escrever a ideia que surgiu no momento. E sempre corro no meu caderninho para ver as anotações, sempre pulam ideias novas. 😉 Parabéns pelo texto!

    1. Já tentei esboçar no papel, mas o resultado foi semelhante a não esboçar. A diferença é bem pequena.
      A coisa melhorou quando esbocei no próprio blog, escrevendo coisas soltas, ideias inacabadas, aquele fluxo de pensamento meio alucinado e “sem sentido”. Salvei e larguei.
      Dia desse, pensando que deveria atualizar o blog, entrei e fiquei triste por não ter ideia nenhuma. Achei alguns posts meio inacabados. Relendo, consegui reavivar o tópico na mente e pimba! Tava pronto.
      Experimenta e me conta 🙂

  2. Uma coisa que procuro fazer é levar para o meu blog comentários ou coisas que eu coloco nos Facebooks da vida, mas que escrevi com o cuidado que dedicaria a um post no blog. Isso provavelmente é mais comum do que você pensa!

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